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Flor de maio

Todo dia parecia igual para Luzia. É assim que ela se sentia desde que a quarentena começou. Quem diria que um ser invisível a olho nu causaria tamanho transtorno. Trancafiada em casa, com medo de morrer, a aposentada sentia como se o tempo tivesse parado. Todos os dias tinham se tornado iguais, e Luzia não conseguia mais distinguir muito bem os dias de semana, os fins de semana e feriados. A noção de quanto tempo tinha se passado desde o começo do isolamento social foi completamente perdida.

Luzia não sabia mais há quanto tempo estava solitária em casa, sem o chá com as amigas, sem a visita dos filhos. A morte parecia estar sempre à espreita. Foi crescendo, crescendo, até que um dia passou das 20 mil mortes, e a sensação de que poderia ser a próxima não lhe saía da cabeça, mesmo que nossa protagonista não pusesse os pés para fora de casa. A cada pronunciamento do Presidente da República que via, ela sentia que ele queria mais era vê-la morta, menos uma aposentada pro governo gastar dinheiro. O projeto gerontocida do Presidente parecia ser o de deixar os velhos morrerem.

Num daqueles dias que pareciam ser sempre iguais, com pessoas morrendo aos montes, o Presidente minimizando a pandemia de COVID-19, tratando as vítimas da doença como meros números e não como pessoas, o medo de morrer a dominando, um cansaço tomou conta dela. Luzia ficou surpresa com esse cansaço, pois suas tarefas não eram muitas: tirava um dia da semana para fazer comida para sete dias, outro para fazer faxina (aquela faxina básica, pois sua saúde de velha não lhe permitia mais fazer faxina pesada), lavava a louça, botava a roupa na máquina de lavar e a estendia no varal, pedia pra entregarem as compras do supermercado uma vez por semana e as da farmácia uma vez por mês. Fora essas atividades, se dedicava a cuidar das plantas, assistir TV, jogar paciência no computador e a falar com os filhos no telefone, embora a vontade fosse a de lhes dar um abraço pessoalmente. Concluiu que se sentia sufocada pelo medo de morrer, sempre ali à espreita.

Se dirigiu então à sacada, com o objetivo de tomar um ar, um sol de fim de tarde, para ver se o cansaço e o medo da morte passavam. Chegando lá, uma grata surpresa: os botões das flores de maio começavam a desabrochar, denunciando a passagem de dois meses de quarentena. A planta, que no resto do ano não floresce, levou colorido à vida de Luzia, quebrando sua sombria rotina, e evocando o espírito da sua avó materna, falecida aos 93 anos em 1988, e cuja flor favorita era a flor de maio. De repente, nossa protagonista não se sentia mais nem sozinha nem solitária:

-Vó, que loucura o que estamos vivendo agora! Você também passou por isso tudo na época da gripe espanhola?

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